Sereníssimo

 
Tantas vezes o golpearam de forma traiçoeira. Outras tantas o destino se encarregara de lhe trazer dores e perdas. Algumas vezes amargara, tão-somente, dos desamores a indiferença... Mesmo assim, amargara. Até que suas ilusões todas morreram.
 
Então, por incrível que pareça, restou-lhe no espírito, apenas, uma singela pureza.
 
Seu olhar se tornou calmo, sereno, compassivo. Não mais dava conta do mal. Compreendia o drama humano como uma escola de aprendizagem, por onde cada um está de passagem. Nada mais esperava dos imaturos ou dos primitivos, senão que agissem como tal. Já dos mais crescidos, entendia porque viviam tão atentos às lições do ensino.
 
A experiência o fizera entender que abrir mão de tudo dá liberdade para estender os braços para o Todo. Portanto, nem mesmo ansiava encontrar, um dia, o Paraíso. Mas quem o conhecia segredava que isso era porque o Paraíso, há muito, já o havia encontrado.