Cara e coração



Ouvi dizer que após se despedir de certo jornalista, a quem havia concedido entrevista, Abraham Lincoln comentou com a sua secretária:

– Não vou com a cara desse sujeito.

– Senhor presidente, ninguém é culpado pela cara que tem.

– Depois de grande, todo mundo se torna responsável pela cara que tem.

Tinha razão o Lincoln. De alguma forma acaba escapando, hora ou outra, nesta ou naquela expressão, numa ou noutra palavra, gesto ou ação, a genuína face de uma pessoa. E a verdade do ditado está no seu avesso, feito a máscara da hipocrisia, pois quem vê cara, se prestar atenção, também vê coração.